O ENSINO DOS GÊNEROS TEXTUAIS É MAIS UMA MODA EM
EDUCAÇÃO?
Para Schneuwly e Dolz, a escola sempre trabalhou com os clássicos gêneros escolares narração, descrição e dissertação ou com o estudo de gêneros literários, como o conto ou a crônica.
A novidade consiste em fazer com que a aprendizagem dos gêneros que circulam fora da escola - os literários, jornalísticos ou mesmo os gêneros cotidianos - seja significativa para o aluno e contribua para um domínio efetivo de língua, possibilitando seu uso adequado fora do espaço escolar.
Os autores levantam três das formas como os gêneros são usados na escola atualmente, as quais quase sempre aparecem mescladas:
1- Gênero como objeto de estudo, fora de seu contexto de produção. O caso, por exemplo, de se estudar notícias com os alunos, retirando-as do jornal - seu lugar de produção e circulação - e anulando suas marcas textuais e gráficas específicas.
2 - Gênero estudado dentro de uma situação de produção ficcionalizada. É o caso de produzir um jornal na classe, como se fosse um jornal verdadeiro, para estudar as formas de produção e circulação de notícias de um modo mais próximo do que ocorre fora da escola.
3 - Gênero estudado numa situação real de produção
Utilizado pelos alunos para dizer algumas coisas a alguém. É o caso, por exemplo, da escrita de uma carta ao prefeito, solicitando que a rua da escola seja asfaltada, ou um debate com pessoas convidadas para falar de orientação sexual para pré-adolescentes, em que os debatedores são os alunos.
Para organizar o trabalho com um gênero textual em sala de aula, sugerimos a seguinte SEQÜÊNCIA DIDÁTICA:
*Apresentação da proposta
*Partir do conhecimento prévio dos alunos
*Contato inicial com o gênero textual em estudo
*Produção do texto inicial
*Ampliação do repertório
*Organização e sistematização do conhecimento: estudo detalhado dos
elementos do gênero, suas situações de produção e circulação
*Produção coletiva
*Produção individual
*Revisão e reescrita
Como sabemos, todos os gêneros de texto tem origem em situações de comunicação específicas e marcas linguísticas próprias.
Quando os professores conhecem a situação de produção e as marcas do gênero que propõem que seus alunos escrevam, podem auxiliá-los a melhorar suas produções.
É a intervenção objetiva do professor consciente das características dos gêneros que ensina a escrever que leva os alunos a aprimorarem continuamente seus textos.
TIPOLOGIA TEXTUAL
Tipos textuais: são sequências linguísticas e não textos materializados, a rigor, são modos textuais, não são empíricos. Servem para a produção dos gêneros, estão no interior desses. Os tipos textuais são cinco:
- Narração: indica uma ação, tempo, espaço, personagem
- Descrição: é estática, caracteriza lugares, pessoas objetos, sem as impressões
- Injunção: ordens, perguntas, incita a uma ação.
- Exposição: define, conceitua.
- Argumentação: defende idéias, atribui qualidade.
A expressão tipo textual é usada para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas) (Douglas Biber, 1988, Jean Paul Bronckart,1999).
Koch e Fávero (1987) estabelecem três dimensões interdependentes de análise dos tipos textuais, que são:
- a pragmática,
- a esquemática global (superestrutura)
- a linguística (de superfície).
A existência dessas dimensões se justifica pelo fato de que poderia tornar a tipologia explicativa, bem como permitiria articular as noções de “texto” e “discurso”. Essa correlação entre “texto” e “discurso” é considerada fundamental pelas autoras porque a produção de textos envolve tanto o conhecimento dos aspectos internos quanto o conhecimento dos aspectos externos.
Para Travaglia (2002) dificilmente são encontrados tipos puros, ele fala em conjugação tipológica. Por exemplo, num texto como a bula de remédio, que para Koch e Fávero (1987) é um texto injuntivo, tem-se a presença de várias tipologias, como a descrição, a injunção e a predição. As autoras apresentam seis tipos textuais, a saber: tipo narrativo, tipo descritivo, tipo expositivo ou explicativo, tipo argumentativo strictu sensu, tipo injuntivo ou diretivo, tipo preditivo, tipo conversacional e o tipo retórico (poético).
O resultado da pesquisa de Silva (1995), que constatou a existência de uma pertinência entre os critérios selecionados pelos alunos no reconhecimento de seus próprios textos quanto ao tipo textual e as dimensões apresentadas pela tipologia de Kock e Fávero (1987), nos permite afirmar que, se abordados como um conhecimento sistemático, os “tipos textuais” podem ampliar as competências e habilidades discursivas, textuais e linguísticas dos estudantes.
Cada uma dessas tipologias são habilidades exigidas por este ou aquele gênero. Acredito que devamos adotar "práticas que possibilitem ao aluno aprender linguagem a partir da diversidade de textos que circulam socialmente " (PCN, 2000, p.30), os gêneros que circulam nas variadas esferas, e suas condições de produção, ensinando-os a interagir e a produzir esses textos. Em um artigo de opinião prevalece a tipologia dissertativa, pois a intenção é sustentar uma opinião, entretanto dentro do texto pode haver fragmentos de tipologia narrativa, descritiva e outros.
Para os autores Douglas Biber (1988)e Jean Paul Bronckart (1999), a expressão gênero textual é usada como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição características. Mas, infelizmente ainda não é o que acontece em muita sala de aula.
Acredito que devamos desenvolver, dentro de uma sequência didática para o trabalho com um gênero, nas oficinas para o trabalho linguístico, as tipologias textuais, "as características, especificidades e determinações" dessas tipologias, dependendo sempre da finalidade do estudo que desenvolvo; de onde quero chegar com o aluno. É propor o trabalho com um gênero, e ao proporcionar um repertório desse gênero, explorar nos textos a materialidade linguística, e assim a observação das tipologias textuais que são acolhidas por esse gênero e como elas expressam as ideias expostas.
Portanto, o ensino da língua materna deve privilegiar o texto socialmente inscrito, porque "um texto produzido é sempre produzido a partir de determinado lugar,marcado por suas condições de produção. Não há como separar o sujeito, a história e o mundo das práticas de linguagem. Compreender um texto é buscar as marcas do enunciador projetadas nesse texto, é reconhecer a maneira singular de como se constrói uma representação a respeito do mundo e da história, é relacionar o texto a outros textos que traduzem outras vozes, outros lugares." (PCNLP.1998. p.40) , assim como " o PNEM LP , p 21, fala sobre a flexibilidade dos gêneros e sobre o que nos contam a respeito da natureza social da língua.; "toda análise gramatical, estilística, textual, deve considerar a dimensão dialógica da linguagem como ponto de partida. (p. 21)".
Todavia é necessária a observação da estrutura dos textos, e para isso é precisamos que o professor se apoie em uma teoria linguística, porque afirmações como “os gêneros do conto e da fábula são gêneros narrativos, se levarmos em conta o tipo sequencial narrativo como matriz; podem ser considerados argumentativos, se focalizarmos o encaixamento argumentativo na máxima de moralidade” (ADAM, 2008, p. 275), nos levam a refletir ora é formal, ora funcional.
Acredito que devamos desenvolver, dentro de uma sequência didática para o trabalho com um gênero, nas oficinas para o trabalho linguístico, as tipologias textuais, "as características, especificidades e determinações" dessas tipologias, dependendo sempre da finalidade do estudo que desenvolvo; de onde quero chegar com o aluno. É propor o trabalho com um gênero, e ao proporcionar um repertório desse gênero, explorar nos textos a materialidade linguística, e assim a observação das tipologias textuais que são acolhidas por esse gênero e como elas expressam as ideias expostas.
Portanto, o ensino da língua materna deve privilegiar o texto socialmente inscrito, porque "um texto produzido é sempre produzido a partir de determinado lugar,marcado por suas condições de produção. Não há como separar o sujeito, a história e o mundo das práticas de linguagem. Compreender um texto é buscar as marcas do enunciador projetadas nesse texto, é reconhecer a maneira singular de como se constrói uma representação a respeito do mundo e da história, é relacionar o texto a outros textos que traduzem outras vozes, outros lugares." (PCNLP.1998. p.40) , assim como " o PNEM LP , p 21, fala sobre a flexibilidade dos gêneros e sobre o que nos contam a respeito da natureza social da língua.; "toda análise gramatical, estilística, textual, deve considerar a dimensão dialógica da linguagem como ponto de partida. (p. 21)".
Todavia é necessária a observação da estrutura dos textos, e para isso é precisamos que o professor se apoie em uma teoria linguística, porque afirmações como “os gêneros do conto e da fábula são gêneros narrativos, se levarmos em conta o tipo sequencial narrativo como matriz; podem ser considerados argumentativos, se focalizarmos o encaixamento argumentativo na máxima de moralidade” (ADAM, 2008, p. 275), nos levam a refletir ora é formal, ora funcional.
NARRAÇÃO
Estrutura da narrativa
Narrar é contar, relatar fatos, histórias. Neste ato, involuntariamente, respondemos às perguntas: o quê, onde, quem, como, quando, porquê. Nas histórias há apresençadas personagens que praticam ou sofrem ações, ocorrida sem um tempo e espaço físico. A ação é obrigatória, não existe narração sem ação. Poderá haver mistura de realidade e ficção ou a predominância de uma sobre a outra.
PENTEADA
Personagem - antagonista/protagonista
Espaço: local de desenvolvimento da trama.
Narrador - Foco narrativo: posição do narrador diante da historia.
1ª pessoa: personagem. Realizadores da ação.
3ª pessoa: observador ou onisciente.
Tempo:linear (ordem cronológica) ou não linear
Enredo: desenvolvimento da trama: começo, meio e fim.
Ambiente
Discurso: modo de fala dos personagens.
Discurso direto: quando a personagem fala sem a interferência do narrador.
Discurso indireto: quando a personagem fala pela boca do narrador.
Discurso indireto livre: quando na forma indireta o narrador reproduz diretamente a fala do personagem.
Aspectos psicológicos; O esquema das intrigas
- Situação Inicial
- Conflito Inicial
- Desdobramento do Conflito
- Clímax
- Desfecho
DESCRIÇÃO
Descrever é enumerar, sequenciar, listar características de seres como objetivo de formar uma imagem mental. As características podem ser físicas e/ou psicológicas. Pode haver mistura dessas características no mesmo texto. Pode haver ou não ação na descrição.A descrição pode, ainda, se ater ao real e/ou fictício (ou misturá-los).
Observação: A tipologia que mais me envolve é a descritiva. Todo vocabulário traz em si mesmo uma carga descritiva; encontramos aspectos descritivos em todos os tipos de textos, em todos os gêneros. Quando o trabalho é com gêneros de narrar, além da estrutura da tipologia narrativa, a tipologia descritiva encorpa o texto. Enquanto a narração faz progredir uma história, a descrição consiste justamente em interrompê-la, detendo-se em um personagem, um objeto, um lugar, etc.
Para desenvolver esta competência é necessário dar repertório ao aluno, levá-lo a observar a intervenção que o descritor faz no texto, dependendo do efeito que deseja. Ao trabalhar o gênero notícia, com a mesma notícia publicada em suportes diferentes pudemos observar a escolha que o descritor fez em relação ao léxico, dependendo do seu público. E levando os alunos a perceberem que a descrição é também argumentativa, dando a opinião do autor sobre o objeto, lugar ou personagem, levando o leitor a construir um conceito.
DISSERTAÇÃO
Dissertar é debater,discutir um tema,assunto da realidade, normalmente da atualidade,como leitor. É apresentar argumentos, provas,comprovações que visam a convencê-lo. A dissertação pressupõe o conhecimento do assunto a ser debatido e a organização das ideias, dos argumentos. Neste tipo de texto não há a possibilidade de se inventar fatos, argumentos, ideias, dados, gráficos inexistentes. Tudo dever ter por base o real.
INJUNÇÃO
Texto injuntivo (instrucional) é o tipo de texto que leva o leitor a mais que uma simples informação. Instrui o leitor. Não é o texto que argumenta, que narra, que debate, mas leva o leitor a determinada orientação transformadora. O texto injuntivo-instrucional pode ter o poder de transformar o comportamento do leitor.
TESTE AQUI SEUS CONHECIMENTOS
GÊNERO E TIPOLOGIA TEXTUAL
A Heterogeneidade Tipológica nos Gêneros Textuais
Os gêneros textuais são inúmeros, apresentam características
sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e
composição própria. Alguns exemplos de gêneros textuais:telefonema, sermão,
carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula
expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita
culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante,
instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso,
piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por
computador, aulas virtuais entre outros.
TIPO TEXTUAIS
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GÊNEROS TEXTUAIS
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a)
São constructos teóricos definidos por propriedades lingüística intrínsecas.
|
a)
São realizações lingüísticas concretas definidas por propriedades
sócio-comunicativas.
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b)
Constituem seqüências lingüísticas ou seqüências de enunciados no interior
dos gêneros e não são textos empíricos.
|
b)Constituem
textos empiricamente realizados cumprindo funções em situações comunicativas.
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c)
Abrange um conjunto limitado de categorias teóricas determinadas por aspectos
lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempo verbal.
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c)Abrange
um conjunto aberto e ilimitado de designações concretas determinadas pelo
canal, estilo, conteúdo, composição e função.
|
d)
Designações teóricas dos tipos: narração, argumentação, descrição, injunção e
exposição.
|
d)Exemplo
de gêneros: crônicas jornalísticas, folhetos publicitários,atas de reuniões,
relatórios, ensaios, etc.
|
Devemos ter claro que há uma grande heterogeneidade tipológica nos
gêneros textuais. Os gêneros são uma espécie de armadura comunicativa
preenchida por seqüências tipológicas de base que podem ser bastante
heterogêneas, mas relacionadas entre si. Ao se nomear um texto como
"narrativo", "descritivo" ou "argumentativo", não
se está nomeando o gênero e sim o predomínio de um tipo de seqüência de base.
Texto adaptado do artigo
Gêneros Textuais:definição e funcionalidade de Luiz Antônio Marcushi.
GENEROS TEXTUAIS OU DISCURSIVOS
por Lia Seixas in Gêneros Jornalísticos
Depois de 10 anos (1995), esta é uma tendência que se repete nos trabalhos brasileiros do Siget, mas também que preocupa claramente os pesquisadores. Um dos trabalhos discute especificamente a diferença entre gênero textual e discursivo, outro ("Editorial: um gênero textual?") questiona através da nomenclatura.
Pela tabela abaixo, fica claro como as linhas entre textual e discursivo são imperceptiveis:
Muito interessante observar também a diversidade de produtos, composições, eventos que podem ser considerados um gênero. Um gênero discursivo pode ser, desde uma "situação de trabalho", "depoimento de orkut", a uma noticia de jornal impresso. A charge, por exemplo, é considerada como textual e como discursivo. Os gêneros jornalisticos são, em geral, considerados gêneros textuais. Dos 21 gêneros textuais, quase a metade (10) é gênero jornalistico de impressos (jornais e revistas).
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GÊNERO TEXTUAL
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Em Rojo (2005), no texto intitulado “Gêneros do discurso e gêneros
textuais: questões teóricas e aplicadas” há uma discussão sobre a diferença
teórico-metodológica envolvida no uso das terminologias: teoria de gêneros do
discurso ou discursivos e teoria dos gêneros de texto ou textuais. Para a
autora, ambas as leituras estão ancoradas em diferentes leituras bakhtinianas,
mas a distinção está no fato de que a primeira centra seu estudo nas situações
de produção dos enunciados ou textos e em seus aspectos sóciohistóricos, e, a
segunda, na descrição da materialidade do texto.
A virada pragmática no ensino de língua ainda não é uma realidade
Os PCN’s priorizam as práticas de leitura, práticas de produção textual e práticas de análise linguística; mais que priorizar, os PCN’s conferem a esses três eixos o estatuto de conteúdo a ser ensinado nas aulas de LP.
Ao propor um texto sem que se tenha um querer-dizer e, principalmente, para quem dizer - interlocutores reais - a atividade se desenvolve mecanicamente.
Dentro dessa discussão, Geraldi (1993) estabelece uma dicotomia entre produção textual e o ensino de redação. Segundo o autor, ao trabalhar com redação, os textos são produzidos para a escola; já na perspectiva da produção textual produzem-se textos na escola.
Segundo Geraldi (1993), a problemática na produção textual é produto da carência de uma concepção de linguagem que confira significação à produção escrita do aluno, pois é imprescindível a presença de um interlocutor ativo. No entanto, é comum a inexistência, na produção textual escolar, de um interlocutor a quem o aluno possa dirigir sua voz. Sem perspectiva de um interlocutor e da percepção das condições de produção dos gêneros, as escritas realizadas no âmbito escolar se mostram falsas, sem objetivo, ineficientes na construção da subjetivação do sujeito.
A partir desse panorama teóricometodológico surge a proposta teórica enunciativista que aponta os gêneros do discurso como objeto de ensino nas práticas de linguagem na disciplina de LP. Não mais o texto como estrutura tipológica, mas o gênero na perspectiva sócio-discursiva, despontando como um aporte produtivo e significativo para o trabalho reflexivo das práticas de linguagem.
De acordo com Bakhtin (2003), a diversidade dos gêneros é infinita porque são inesgotáveis as possibilidades das atividades humanas e cada esfera comporta um repertório de gêneros do discurso que vai se diferenciando e se ampliando à medida que a própria esfera se desenvolve e torna-se mais complexa.
EVOLUÇÃO DO TERMO GÊNERO
DE ARISTÓTELES E PLATÃO A BAKTHIN E TODOROV
Desde a literatura clássica, há uma preocupação em caracterizar os textos em
uma tipologia geral, de acordo com suas especificidades e diferenças entre si.
Aristóteles e Platão apresentam a distinção em três formas genéricas
fundamentais: o lírico, o épico e o dramático, cujas características são
diferenciadas pelos modos de imitação ou representação da realidade, tendo como
princípios o modo de enunciação.
Platão e Aristóteles propuseram também subdivisões dos gêneros, em função de
suas especificações de conteúdo. São estes: o ditirambo, a epopéia, a tragédia
e a comédia.
Seguindo esta evolução, a conceito tradicional de gênero textual compreende a
concepção clássica dos gêneros narração, descrição e dissertação ou
argumentação foi por muito tempo praticada nas escolas sob o nome de redação.
Todavia, reconhecer nas unidades textuais apenas essas três formas de produção,
exclui da prática escolar o exercício autêntico da linguagem, uma vez que essa
tipologia redacional é vazia de realidade sociointeracional.
As teorias mais recentes sobre os gêneros textuais estão mostrando que essa
classificação não dá conta das diferentes práticas sociais da fala e da
escrita, uma vez que não são reconhecidas pelos usuários da língua como objetos
de interação.
Segundo Todorov, os gêneros antigos não desaparecem, apenas são substituídos
por novos gêneros, em virtude dos avanços tecnológicos do mundo contemporâneo.
Devido à sua dinamicidade e à variabilidade, a concepção de gênero não se
limita mais ao estudo da literatura clássica.
Na atualidade há uma proliferação de textos que mesclam uma variedade de
gêneros, permitindo-os um caráter volúvel, sujeitos a mudanças e relações com
outros gêneros, resultando, a partir disso, em novos gêneros, os chamados
híbridos.
Há também os gêneros intercalados, como as cartas, os manuscritos, as citações,
que apresentam uma pluralidade de estilos e características de diversos
gêneros.
Embora diferentes, cada gênero apresenta uma estrutura básica específica que o
caracteriza de acordo com a produção, recepção, o texto e o contexto em que se
encontram. São três os elementos principais em que devemos nos fundamentar para
verificar o gênero a que pertence determinado enunciado.
DEFINIÇÃO DE GÊNERO
Para Bakthin gênero são tipos relativamente estáveis de enunciados elaborados
nas diferentes esferas sociais de utilização da língua.
Gênero é uma classe de eventos comunicativos, os quais são delimitados por
objetivos comunicativos (tema, estilo e estrutura esquemática).
Para Marcuschi (1996: p.4), gêneros são "modos de organização da
informação que representariam as potencialidades da língua, as rotinas
retóricas ou formas convencionais que o falante tem à sua disposição na língua
quando quer organizar o discurso."
O mesmo autor (2002:p.19) concebe os
gêneros textuais "como fenômenos históricos, profundamente vinculados à
vida cultural e social" e acrescenta: "os gêneros contribuem para
ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia". No
entanto, ele adverte que "os gêneros não são instrumentos estanques e
enrigecedores da ação criativa", muito pelo contrário, eles se
caracterizam "como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e
plásticos".
Marcuschi, ao considerar os gêneros textuais, aborda a
imprescindibilidade de tratá-los como fenômenos históricos, relacionados com a
vida cultural e social.o autor ressalta que os gêneros surgem, proliferam-se e
modificam-se para atender as necessidades socioculturais e às inovações
tecnológicas.
O autor pontua que: "[Os gêneros textuais] Caracterizam-se
como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos. Surgem
emparelhados a necessidades e atividades sócio-culturais, bem como na relação
com inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar a
quantidade de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades
anteriores à comunicação escrita." (2002: 20)
Conhecer determinado gênero significa se capaz de prever regras de conduta,
seleção vocabular e estrutura de composição utilizadas.
São três os elementos principais que caracterizam o gênero:
- conteúdo temático (assunto, a mensagem transmitida);
- o plano composicional (estrutura formal dos textos pertencentes ao gênero);
- o estilo (leva em conta as questões individuais de seleção e opção: vocabulário, estruturas frasais, preferências gramaticais).
Esta abordagem teórica, que conduz a uma nova prática de tratamento da
linguagem na escola, vem em substituição à classificação tradicional, à
trilogia clássica que compreende narração, descrição e dissertação.
“Os gêneros são, em ultima análise, o reflexo de estruturas sociais recorrentes e típicas de cada cultura. Por isso, em princípio, a variação cultural deve trazer conseqüências significativas para a variação de gêneros, mas este é um aspecto que somente o estudo intercultural dos gêneros poderá decidir.” (MARCUSCHI, 2002)
CONCEITOS
- Suporte: é onde aparece o gênero. Exemplo: papel, computador, outdoor, televisão, rádio.
- Configuração: é como aparece o gênero. Poem ser: escritos, orais, , simples ou complexos e híbrido (composto por vários recursos de linguagem).
- Gêneros: são realizações linguísticas concretas orais ou escritas, surgem da nossa necessidade, são empíricos. O que determina o gênero pode ser a forma, a função, o suporte ou o ambiente em que os textos aparecem.
Integram vários tipos de signos verbais, sons, imagens e formas em movimento ou estáticas.
Os grandes suportes tecnológicos da comunicação (rádio, televisão, jornal, internet, revista), propicionam gêneros novos.
Alguns exemplos de gêneros: certidão de nascimento, resenha, telefonema, notícia jornalística, crônica, novela, horóscopo, receita, ofício, e-mail, bilhete, aula, monografia, parlenda, rótulos, música...
Alguns aspectos que devem ser observados na produção e uso do gênero textual:
- Natureza da informação
- Nível de linguagem (formal, informal, dialetal, culta)
- Situação em que o gênero se apresenta (pública, privada, solene)
- Relação entre os participantes
- Objetivos das atividades desenvolvidas
É importante a prática com gêneros para o processo de letramento do aluno.
CLASSIFICAÇÃO DOS GÊNEROS
Devido à extrema heterogeneidade dos gêneros do discurso, Bakthin optou por
dividir os gêneros em dois tipos: Gênero Primário (simples) e Gênero Secundário
(complexo).
Os chamados Gêneros Primários são aqueles que provêm de situações de comunicação verbal espontânea, da vida cotidiana de interação: linguagem oral, diálogos com a família, reuniões de amigos, etc. Podendo, muitas vezes, transformar-se e assumir estatuto de gênero secundário, tendo em vista a dinamicidade e plasticidade inerente aos gêneros.
Já os gêneros secundários, segundo Bakhtin, “surgem nas condições de um convívio cultural mais complexo e relativamente desenvolvido e organizado (predominantemente escrito) [...]” (Bakhtin, 2003, p. 263) e, por sua vez, demandam uma complexidade maior, sendo exemplos, o romance, os gêneros científicos, jornalísticos, entre outros. Os Gêneros Secundários envolvem uma forma mais elaborada de linguagem, normalmente a escrita, para construir uma ação verbal em situações de comunicação mais complexas e relativametne mais evoluídas, abrangendo assuntos artísticos, culturais, políticos, etc. Esses gêneros modificam os Primários, que passam a ter características mais complexas e elaboradas. Bakthin traz como exemplo uma carta ou um diálogo cotidiano da realidade comunicativa, que, quando inseridos em um romance, desvinculam-se da realidade comunicativa imediata, só conservando seu significados no plano de conteúdo do romance. Ou seja, a matéria dos Gêneros Primários e Secundário é a mesma, o que os diferencia é o grau de complexidade e elaboração em que se apresentam.
Na contemporaneidade, tem-se observado o surgimento e o desaparecimento de diversos gêneros. Nessa mesma perspectiva, Geraldi (2006) propõe que a emergência de novos gêneros está associada às atividades sociais, e que, quanto mais complexa é uma sociedade, mais complexos, e em maior número, são os gêneros nela construídos.
Seguindo a linha bakthiniana dos Gêneros Primários e Secundários, surge, através do advento da internet, um novo cenário de enunciação, virtual e mais complexo - o ciber ou hiper espaço -, os chamados Gêneros Terciários, em que leitor e escritor se encontram diante de novos processos de produção e compreensão textuais, construídos em um novo suporte eletrônico - o computador-, de novas formas de linguagem, de um novo código, de uma nova comunicação hipertextual, de um novo estilo de ler e escrever ( e de "conversar", usando o teclado).
A acelerada evolução da tecnologia de comunicação vem propiciando o surgimento de novos gêneros e a renovação de outros, para se adaptarem ao meio eletrônico. Consequentemente, novas estratégias de seleção e distribuição do conteúdo são empregadas e novos recursos linguísticos são criados para agilizar a transmissão de informações no ambiente virtual. E é através da emergência de novos gêneros discursivos e textuais (terciários) que surgem os gêneros virtuais.
Os chamados Gêneros Primários são aqueles que provêm de situações de comunicação verbal espontânea, da vida cotidiana de interação: linguagem oral, diálogos com a família, reuniões de amigos, etc. Podendo, muitas vezes, transformar-se e assumir estatuto de gênero secundário, tendo em vista a dinamicidade e plasticidade inerente aos gêneros.
Já os gêneros secundários, segundo Bakhtin, “surgem nas condições de um convívio cultural mais complexo e relativamente desenvolvido e organizado (predominantemente escrito) [...]” (Bakhtin, 2003, p. 263) e, por sua vez, demandam uma complexidade maior, sendo exemplos, o romance, os gêneros científicos, jornalísticos, entre outros. Os Gêneros Secundários envolvem uma forma mais elaborada de linguagem, normalmente a escrita, para construir uma ação verbal em situações de comunicação mais complexas e relativametne mais evoluídas, abrangendo assuntos artísticos, culturais, políticos, etc. Esses gêneros modificam os Primários, que passam a ter características mais complexas e elaboradas. Bakthin traz como exemplo uma carta ou um diálogo cotidiano da realidade comunicativa, que, quando inseridos em um romance, desvinculam-se da realidade comunicativa imediata, só conservando seu significados no plano de conteúdo do romance. Ou seja, a matéria dos Gêneros Primários e Secundário é a mesma, o que os diferencia é o grau de complexidade e elaboração em que se apresentam.
Na contemporaneidade, tem-se observado o surgimento e o desaparecimento de diversos gêneros. Nessa mesma perspectiva, Geraldi (2006) propõe que a emergência de novos gêneros está associada às atividades sociais, e que, quanto mais complexa é uma sociedade, mais complexos, e em maior número, são os gêneros nela construídos.
Seguindo a linha bakthiniana dos Gêneros Primários e Secundários, surge, através do advento da internet, um novo cenário de enunciação, virtual e mais complexo - o ciber ou hiper espaço -, os chamados Gêneros Terciários, em que leitor e escritor se encontram diante de novos processos de produção e compreensão textuais, construídos em um novo suporte eletrônico - o computador-, de novas formas de linguagem, de um novo código, de uma nova comunicação hipertextual, de um novo estilo de ler e escrever ( e de "conversar", usando o teclado).
A acelerada evolução da tecnologia de comunicação vem propiciando o surgimento de novos gêneros e a renovação de outros, para se adaptarem ao meio eletrônico. Consequentemente, novas estratégias de seleção e distribuição do conteúdo são empregadas e novos recursos linguísticos são criados para agilizar a transmissão de informações no ambiente virtual. E é através da emergência de novos gêneros discursivos e textuais (terciários) que surgem os gêneros virtuais.
GÊNEROS VIRTUAIS
Gêneros virtuais é o nome dado às novas modalidades de gêneros textuais,
surgidas com a internet, dentro do hipertexto (texto que vem acompanhado de
vários links possibilitando uma leitura não linear do mesmo, já que o leitor se
encontra livre para modificar o caminho de sua leitura acessando quando acessa
tais links), permitindo a comunicação e a interação entre duas ou mais pessoas,
mediadas pelo computador. A internet veio inaugurar uma forma significativa de
comunicação e de uso da linguagem. Os principais gêneros virtuais são: os
e-mails, os chats ou salas de bate-papo, as listas de discussão, os weblogs
(blogs), etc.
Acrescenta-se, ainda, que a internet possibilitou a crialção de um novo espaço
para a escrita, permitindo também a ampliação da concepção de texto, que, no
espaço virtual, carrega marcas da oralidade e representa um hibridismo entre a
modalidade oral e escrita. Assim, o texto passa a ser dinâmico e interativo,
sendo escrito por várias mãos.
Neste sentido, é função do professor fornecer ao aluno o conhecimento e a
elaboração de diferentes gêneros discursivos/textuais, permitindo-lhe
empenhar-se na realização consciente de um trabalho linguístico que realmente
tenha sentido para si. Isso só é conseguido, à medida que a proposição textual
seja bem clara e definida. É necessário que o aprendiz possa sentir que
realmente está produzindo para um leitor (que não deve ser apenas o professor),
eliminando a exclusividade das situações artificiais de produção textual, tão
presentes no cotidiano da escola.
GÊNEROS EMERGENTES
Marcuschi aprofunda essas ideias ao declarar que a escrita é a base fundamental da internet e dos gêneros ligados a ela, tornando-se essencial e extremamente necessária para que exista. O autor ainda declara ser precipitado afirmar que esteja surgindo uma "fala por escrito", pois o que se pode notar na verdade é uma mistura diferente a tudo que já foi visto, inclusive com utilização de representações semióticas. Uma forma de comunicação totalmente diferente ao que já existiu, provavelmente, se tratando de um novo gênero textual, podendo, por esse motivo, tornar-se alvo e desencadear vários estudos e análises.
Aprender a linguagem que se escreve - parte 3
VÍDEO - CENPEC - ESCREVENDO O FUTURO
O TRABALHO ATRAVÉS DE GÊNEROS TEXTUAIS
As condições de produção do texto escolar escrito, deve basear-se nos cinco fatores pragmáticos de construção da textualidade apontados por Costa Val (1994): intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade, cujo estudo encontra aporte teórico em Beaugrande e Dressler (1983).
1.Intencionalidade: diz respeito às intenções do locutor, que podem ser informar, impressionar, convencer, pedir, ofender, etc.
1.Intencionalidade: diz respeito às intenções do locutor, que podem ser informar, impressionar, convencer, pedir, ofender, etc.
2. Aceitabilidade: refere-se à expectativa do recebedor (leitor) de que o conjunto de
ocorrências seja um todo coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a
adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor.
3.Situacionalidade: diz respeito aos elementos responsáveis pela pertinência e relevância
do texto quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação do texto à situação
sociocomunicativa.
4. Informatividade: diz respeito à medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas
ou não, conhecidas ou não, no plano conceitual e no formal. Outro requisito
para que um texto tenha bom índice de informatividade é a suficiência de dados
para que o texto seja compreendido com o sentido que o produtor pretende.
5. Intertextualidade: relaciona-se aos aspectos que fazem a utilização de um texto dependente
do conhecimento de outro(s) texto(s).
Proposta de Atividade com diferentes gêneros
Carta, Telégrafo, Internet, Telefone
PARADOXO DOS GÊNEROS
De um lado, os usuários de uma língua têm consciência da existência da diversidade de gêneros em sua sociedade e, em maior ou menor grau, são capazes de reconhecer vários deles e de lhes dar um nome, de modo mais ou menos comum (como, por exemplo, romance, novela, notícia etc.).
Há um conhecimento intuitivo e não teórico.
De outro lado, os gêneros nunca se prestam a definições e classificações sistemáticas e consensuais.
►Mesmo os nomes dados aos
gêneros existentes às vezes não nos ajudam em muita coisa.
•Exemplo: artigo de opinião
e comentário jornalístico (Há dois gêneros? Um gênero com dois nomes?);
•Há textos muito semelhantes
rotulados com dois ou mais nomes. EX.: resenha, resenha crítica, resumo
crítico, nota bibliográfica; folheto, panfleto, folder; seminário, apresentação
oral, etc.
A GRAMÁTICA E OS GÊNEROS
A gramática que se ensina está articulada ao gênero que se escreve.
Por exemplo:
Saber quais são os conceitos gramaticais de que eu preciso para escrever um texto de opinião.
Há muito que se ensinar:
* Como se toma posição em um texto?
* Que expressões usar para mostrar opiniões contrárias?
* E para desqualificá-las?
Se o aluno aprende uma gramática descolada do contexto, ele até reconhece que a oração é coordenada adversativa, mas não sabe quando utilizá-la, que palavras são mais adequadas para dar coesão e garantir o sentido do texto.
Por exemplo:
Saber quais são os conceitos gramaticais de que eu preciso para escrever um texto do gênero Conto (de aventura).
Há muito que se ensinar:
* Como se posiciona o narrador (1ª pessoa, 3ª pessoa)
* A coesão e coerência na seqüência dos fatos
* A introdução do elemento complicador
* A elaboração do clímax
* A resolução do conflito
Se o aluno aprende uma gramática descolada do contexto, ele até reconhece ......, mas não sabe quando utilizá-la, que palavras são mais adequadas para dar coesão e garantir o sentido do texto.
“ O que um dia
eu vou saber
não sabendo
eu já sabia.”
Guimarães Rosa
O Contexto de Produção
A partir da noção de gênero ligada às interações sociais, o trabalho didático com os textos em sala de aula precisa ser mediado a partir de uma exploração prévia dos gêneros a serem trabalhados, evidenciando aos estudantes as interações que se estabelecem por meio deles.
Antes de propor aos alunos a escrita de determinado gênero, cabe ao professor explorar com o grupo de alunos alguns aspectos relativos ao funcionamento do gênero, por exemplo: porque se produz determinado gênero, ou seja, qual a finalidade discursiva; quem são os interlocutores na interação discursiva; em quais suportes os gêneros circulam (Quem escreve esse gênero discursivo? Com que finalidade? Onde? Quando? Como? Com base em que informações? Quem lê esse gênero? Como o classificado surgiu? Onde circula?).
ESFERAS DE ATIVIDADES E GÊNEROS DO DISCURSO
Figura 1: Congresso Nacional
Esfera de atividade representada: Esfera
política - Poder Legislativo
Atores envolvidos:
Deputados estaduais, senadores e seus respectivos partidos políticos,
assessores parlamentares, funcionários administrativos do órgão, lobistas,
eleitores (a quem esses políticos deveriam representar) etc.
Interesses em jogo: Defesa de interesses nacionais, partidários, pessoais, da base de eleitores,
de instituições/empresas que apoiam as campanhas etc.
Exemplos de atividades realizadas:
Criação e aprovação - por votação - de leis, aprovação de ações do
poder executivo, discursos em plenárias, negociações políticas etc.
Gêneros em circulação: Lei, projeto lei, parecer, relatórios de diferentes
naturezas, discurso
Figura 2: Laboratório de química
Esfera de atividade representada: Científica
Atores envolvidos:
Pesquisadores, estagiários, assistentes, pessoal da área administrativa,
comunidade científica, empresas particulares e universidades, órgãos
financiadores
Interesses em jogo:
Ampliar/produzir conhecimentos da área, solucionar problemas específicos
que envolvem a esfera, obter reconhecimento da comunidade científica, conseguir
ampliar verbas para as pesquisas em curso (o que implica em provar que ela é
mais pertinente que
uma outra que se privará de financiamento) etc..
Exemplos de atividades realizadas:
Experimentos, anotação de dados e resultados, leitura de textos pertinentes
à área, apresentação de trabalhos em congressos, publicação de textos em
revistas científicas, elaboração de projetos e relatórios etc.
Gêneros em circulação: Projeto de pesquisa, relatório de pesquisa, artigo
científico,
comunicação em congressos, dissertações, teses etc.
Figura 3: Sala de aula
Esfera de atividade representada: Educacional/Escolar
Atores envolvidos:
Alunos, professores, diretores de escola, coordenadores, pais de alunos,
pessoal da área administrativa. Em escolas particulares, há o dono da escola.
Em escolas públicas, há a Secretaria da Educação, as Diretorias de Ensino e
outros órgãos ligados ao governo.
Interesses em jogo:
Promover as aprendizagens dos alunos (há diferentes formas de conceber
o processo de ensino-aprendizagem, algumas delas são conflitantes), obter grau
de formação educacional, preparar jovens para o mercado de trabalho, preparar
para o vestibular, propiciar a participação cidadã do indivíduo (essas últimos
3 interesses representam diferentes finalidades, conflitantes, que podem ser definidas
por uma escola) etc..
Exemplos de atividades realizadas:
Aulas, reuniões de professores, reuniões de pais, seminários,
jogos, leitura e produção de textos, realização de exercícios.
Gêneros em circulação: Seminário,
prova, aula expositiva, debate, relato histórico, artigo de divulgação científica,
enunciado de problemas (matemáticos, físicos e químicos), gêneros literários,
gêneros jornalísticos etc.,
EXERCÍCIO:
Completar de acordo com os exemplos acima.
Figura 4: Redação de Jornal - Diário de Notícia
Esfera de atividade representada:
Atores envolvidos:
Interesses em jogo:
- Os artigos de opinião, editorias, charges etc. publicados nos jornais também têm o objetivo de informar?
- Quanto vale um furo de reportagem?
- Por que possuem esse valor?
- A maioria dos jornais pertencem a empresas jornalísticas. Será mesmo que como empresas elas visam em última instância a informação a qualquer preço?
Exemplos de atividades realizadas:
Gêneros em circulação:
Enfim,
a partir de uma discussão sobre as condições de produção do gênero e dos
aspectos discursivos dos mesmos, o aluno poderá apreender a dinâmica de
determinada interação discursiva (ou seja, do gênero) e, desse modo, talvez
seja possível uma mudança significativa nas práticas de leitura e de produção
textual escrita.
A GRAMÁTICA E OS GÊNEROS
A gramática que se ensina está articulada ao gênero que se escreve.
Por exemplo:
Saber quais são os conceitos gramaticais de que eu preciso para escrever um texto de opinião.
Há muito que se ensinar:
* Como se toma posição em um texto?
* Que expressões usar para mostrar opiniões contrárias?
* E para desqualificá-las?
Se o aluno aprende uma gramática descolada do contexto, ele até reconhece que a oração é coordenada adversativa, mas não sabe quando utilizá-la, que palavras são mais adequadas para dar coesão e garantir o sentido do texto.
Por exemplo:
Saber quais são os conceitos gramaticais de que eu preciso para escrever um texto do gênero Conto (de aventura).
Há muito que se ensinar:
* Como se posiciona o narrador (1ª pessoa, 3ª pessoa)
* A coesão e coerência na seqüência dos fatos
* A introdução do elemento complicador
* A elaboração do clímax
* A resolução do conflito
Se o aluno aprende uma gramática descolada do contexto, ele até reconhece ......, mas não sabe quando utilizá-la, que palavras são mais adequadas para dar coesão e garantir o sentido do texto.
“ O que um dia
eu vou saber
não sabendo
eu já sabia.”
Guimarães Rosa
Gêneros do discurso e produção de textos
Os gêneros do discurso são um elemento fundamental no processo de produção de textos, porque são os responsáveis pelas formas que estes assumem. Qualquer manifestação verbal organiza-se, inevitavelmente, em algum gênero do discurso, seja uma conversa de bar, uma tese de doutoramento, seja linguagem oral ou escrita.
Os gêneros são, portanto, formas de enunciados produzidas historicamente, que se encontram disponíveis na cultura, como notícia, reportagem, conto (literário, popular, maravilhoso, de fadas, de aventuras...), romance, anúncio, receita médica, receita culinária, tese, monografia, fábula, crônica, cordel, poema, repente, relatório, seminário, palestra, conferência, verbete, parlenda, adivinha, cantiga, anúncio, panfleto, sermão, entre outros.
Os gêneros se caracterizam pelos temas que podem veicular, por sua composição e marcas lingüísticas específicas. Assim, não é qualquer gênero que serve para se dizer qualquer coisa, em qualquer situação comunicativa.
Se alguém pretender discutir uma questão polêmica, como a descriminalização das drogas ou a pena de morte, precisará organizar o seu discurso em um gênero como artigo de opinião, por exemplo. É o gênero que pressupõe a argumentação a favor ou contra questões controversas, mediante a apresentação de argumentos que possam sustentar a posição que se defende e refutar aquelas que forem contrárias àquilo que se defende.
Por outro lado, se a finalidade for relatar um fato ocorrido no dia anterior, certamente a notícia deverá ser o gênero escolhido. Se o que se pretende é orientar alguém na realização de determinada tarefa, pode-se escrever um manual ou relacionar instruções, por exemplo. Se a intenção for apresentar algum ensinamento por meio de situações exemplares, colocando animais como protagonistas para representar determinadas características humanas, então a fábula é o gênero mais apropriado.
Portanto, saber selecionar o gênero para organizar um discurso implica conhecer suas características, para avaliar a sua adequação aos objetivos a que se propõe e ao lugar de circulação, por exemplo. Quanto mais se sabe sobre esse gênero, maiores são as possibilidades do discurso ser eficaz.
Dessa forma, a proficiência do aluno em Língua Portuguesa depende também do conhecimento que ele tem sobre os gêneros e de sua adequação às diferentes situações comunicativas. Suas características, portanto, devem ser objeto de ensino e tema das atividades que se organizar.
Texto original: Kátia Lomba Bräkling
TRATAMENTO DOS GÊNEROS TEXTUAIS EM SALA DE AULA
O ensino de produção de texto pela
perspectiva dos gêneros apresenta resultado satisfatório quando se propicia ao
aluno, desde cedo, contato com uma diversidade textual, ou seja, com os
diferentes gêneros textuais que circulam socialmente, inclusive aqueles que
expressam opinião. Além disso, compreende-se que a aprendizagem se dá em
espiral, isto é, os gêneros devem ser freqüentemente retomados, aprofundados e
ampliados, , de acordo com a série, com grau de maturidade dos alunos, com suas
habilidades lingüísticas e com a área temática de seus interesses.
Através do ensino-aprendizagem de produção
de texto pela perspectiva dos gêneros, o professor passa a ser um especialista
nas diferentes modalidades textuais, orais e escritas, de uso social.
Assim, a sala de aula transforma-se numa
oficina de textos de ação social, viabilizada e concretizada pela realização de
projetos e adoção de algumas estratégias, como enviar uma carta para um aluno
de outra classe, fazer um cartão e ofertar a alguém, enviar uma carta de
solicitação a um secretário da prefeitura, realizar uma entrevista, etc.
Na avaliação, o bom texto é aquele que é adequado à situação
comunicacional para o qual foi produzido, ou seja, se a escolha do do gênero,
se a estrutura, o conteúdo, o estilo e o nível de língua estão adequados ao
interlocutor e podem cumprir a finalidade do texto.
Tendo em vista que todos os textos se manifestam sempre num ou noutro gênero
textual, um maior conhecimento do funcionamento dos gêneros textuais torna-se
importante tanto para a produção quanto para a compreensão. É sob esta
perspectiva que os Parâmetros Curriculares Nacionais sugerem, quando mencionam
que o trabalho com texto deve ser feito na base dos gêneros, sejam eles orais
ou escritos.
Além disso, considerando as inovações tecnológicas e textuais já mencionadas, é
preciso que o professor esteja atento ao que acontece na sociedade e a sua
volta, às suas experiências e às dos alunos, para partilhar e aprender com eles
sobre os gêneros que estão sendo utilizados nos mais variados contextos, sobre
os propósitos comunicativos que os movem e os efeitos pretendidos em cada
situação particular, levando sempre em conta o destinatário, ou seja, a quem
serão voltadas as atenções do emissor para alcançar os propósitos comunicativos
de cada ação que se concretiza na linguagem verbal.
Cabe ao professor propor atividades que promovam a ativação do conhecimento de
gêneros estabelecidos socialmente e na comunidade discursiva do aluno, por meio
de exercícios de análise e reconhecimento das propriedades comunicativas e
formais de cada um, realçando seus efeitos comunicativos, em função dos
interlocutores nas situações concretas de comunicação. Para tanto, o professor
precisa ter uma base teórica atualizada para orientar a construção de sua
prática pedagógica, um conhecimento de teorias que lhes dê os subsídios
necessários para promover, sempre que possível, experiências autênticas de uso
da linguagem. As atividades de leitura e produção devem oportunizar aos alunos
um exercício de reconhecimento e análise de gêneros textuais que circulam na
sociedade, muitos dos quais fazem parte do cotidiano deles.
A escola tem a responsabilidade de instrumentalizar os seus alunos para usos
autênticos da linguagem. Ensinar o domínio da Língua Portuguesa significa
ensinar os alunos a escolherem o gênero adequado a cada situação comunicativa e
a usá-lo, com propriedade e segurança, em suas experiências de vida fora da
escola.
Referência:
ADAM, J-M . A lingüística textual: uma introdução à análise textual dos discursos. São Paulo: Cortez, 2008.
ANTUNES, I. (2004). Aula de português: encontros e interação. São Paulo: Parábola.
BRASIL, SEF. (1998). Parâmetros curriculares nacionais: Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF.
BAKHTIN, M. M. (2003). Estética da criação verbal. Tradução do russo por Paulo Bezerra. 4a ed. São Paulo: Martins Fontes.FÁVERO, L. L. & KOCH, I. V. (1987). “Contribuição a uma tipologia textual”. In Letras & Letras. Vol. 03, nº 01. Uberlândia: Editora da Universidade Federal de Uberlândia. pp. 3-10.
GERALDI, J. W. (1993). Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes.
Material do Curso Práticas de leitura e Escrita na Contemporaneidade - SEE, 2006
MARCUSCHI, L. A. & XAVIER, A. C. (Orgs.) 'Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital' Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2004.P. 13
ROJO, R. (2001). A teoria dos gêneros em Bakhtin: Construindo uma perspectiva enunciativa para o ensino de compreensão e produção de textos na escola. In: B. Brait (Org.). Estudos enunciativos no Brasil: Histórias e perspectivas. São Paulo: Fapesp. SILVA, J. Q. Gênero discursivo e tipo textual. Scripta, Belo Horizonte, v. 2, n. 4, p. 87-106, 1º sem. 1999.
SOUSA, Socorro Cláudia Tavares de. AS ABORDAGENS TIPOLÓGICAS DOS TEXTOS. Revista Linguagem em (Dis)curso, volume 12, número 1, jan./abr. IN 2012.http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/1201/14.htm
É um
dever da escola ensinar o aluno a ler e escrever BEM. Ensinar o que eles ainda
não sabem, para instrumentalizá-los nas
práticas de leitura e escrita, para que dominem a língua padrão, e
para que respeitem e saibam fazer uso do maior número possível de variedades
linguísticas . A escola deve ampliar o universo de situações de leitura e do uso da escrita porque dependendo dos
objetivos e da situação de interlocução
produzimos textos diferentes e inclusive em relação a linguagem.
(...) nas inúmeras situações sociais de exercício
da cidadania que se colocam fora dos muros da escola, a busca de serviços
, as tarefas profissionais, os encontros institucionais, a defesa de seus
direitos e opiniões, os alunos serão avaliados (em ouros termos aceitos ou
discriminados) à medida que forem capazes de responder a diferentes exigências
de fala e de adequação às características próprias de diferentes gêneros
(....)A aprendizagem de procedimentos apropriados de fala e escuta, em
contextos públicos, dificilmente ocorrerá se a escola não tomar para si a
tarefa de promovê-la.
(PCNs 3º e 4º Ciclos EF, p.25)
A compreensão e a produção de um
texto é complexa e exige que o aluno já tenha desenvolvido habilidades para com
este ou aquele gênero e que saiba fazer as escolhas de recursos de linguagem
necessárias dependendo da prática social em que se inserem: ativar o seu conhecimento
prévio (sobre o gênero, o tema) inferir uma informação implícita no
texto; inferir, a partir de elementos presentes no texto, o posicionamento do
autor; reconhecer o efeito de sentido decorrente de determinadas escolhas
lexicais e sintáticas; estabelecer relações entre as informações presentes no
texto; identificar a finalidade do texto;estabelecer relação de causa e
conseqüência; estabelecer relações entre este texto e outros, explorando a
intertextualidade; estabelecer relações entre as informações contidas no texto
e o contexto histórico geral, tanto no passado quanto no presente;
posicionar-se sobre fatos narrados, a partir de elementos presentes no
texto...O desafio da escola é formar leitores e escritores conscientes da
importância dos textos em determinada situação social e que usem estas
habilidades como instrumento de reflexão do próprio pensamento.
Resta -
nos agora apropriar - nos da instrumentalização deste megainstumento, os
gêneros, suporte para atividades de
comunicação nas múltiplas linguagens,
como objeto de ensino-aprendizagem (gênero escolar, uma variação do
gênero de referência): abordagem dos conteúdos, elementos e configurações das estruturas dos gêneros.
Assim como tomar decisões didáticas
(Qual o gênero a ser abordado? A quem se dirige a produção? Que forma assumirá
a produção? Quem participará da produção?) , visando objetivos precisos
(ensinar o aluno a dominar o gênero e a
partir disto desenvolver capacidades de ultrapassá-lo) e a elaborar seqüências
didáticas e que, segundo Schneuwly e Dolz,
"....criando contextos de produção precisos, efetuar atividades ou
exercícios múltiplos e variados: é isso que permitirá aos alunos apropriarem-se
das noções, técnicas e dos instrumentos necessários ao desenvolvimento de suas
capacidades de expressão oral e escrita, em situações de comunicação
diversas."
"....quanto mais precisa a
definição das dimensões estáveis de um gênero mais ela facilitará a apropriação
este instrumento e possibilitará o desenvolvimento de capacidades de linguagem
diversas que a ele estão associadas. "
(Schneuwly e Dolz, 1997)
Percebo que há múltiplos
fios a serem tecidos ainda.
... ¤°.¸¸..´¯`»Katty Rasga
bom adorei
ResponderExcluirQue discussão boa... e pertinente!
ResponderExcluirParabéns.
gostei!
ResponderExcluirGostei muito,claro e objetivo,tudo que eu precisava entender.
ResponderExcluirGostei muito,claro e objetivo,tudo que eu precisava entender.
ResponderExcluirExcelente material, parabéns.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho!
ResponderExcluir