Discurso direto
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Discurso indireto
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Uso da primeira ou segunda pessoa
-Iremos à igreja, você vai conosco? –
perguntou a menina.
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Uso da terceira pessoa
A menina disse a sua irmã que iria à
igreja e pergunta-lhe se ela quer ir também.
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Verbo no presente do
indicativo
Terminamos a tarefa. – disseram as
crianças.
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Verbo no pretérito perfeito
do indicativo
As crianças disseram que haviam
terminado a tarefa.
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Verbo no pretérito perfeito
do indicativo
Vocês já terminaram a tarefa? –
perguntou o professor.
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Verbo no mais-que-perfeito do
indicativo
O professor perguntou se os alunos tinham
terminado a tarefa
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Verbo no futuro do presente
do indicativo
Vocês terminarão a tarefa em casa.
Indica a professora.
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Verbo no futuro do pretérito
do indicativo
A professora indicou que os alunos
terminariam a tarefa em casa.
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Verbo no imperativo
Terminem a tarefa! – insistiu a professora.
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Verbo no pretérito imperfeito
do subjuntivo
A professora insistiu para que os
alunos terminassem a tarefa.
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Verbo de elocução acompanhado
de sinal de pontuação.
A professora disse:
- Terminem a tarefa, alunos!
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Ausência de pontuação.
A professora disse para que os alunos
terminassem a tarefa.
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Pronome demonstrativo de 1ª
pessoa
-Esta tarefa está bastante difícil! –
exclamou o aluno.
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Pronome demonstrativo de 3ª
pessoa
O aluno disse que aquela tarefa estava
bastante difícil.
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Transposição do discurso direto para
o indireto
Do confronto destas duas frases:
"- Guardo tudo o que meu neto escreve - dizia
ela." (A.F. Schmidt)
"Ela dizia que guardava tudo o que o seu neto escrevia."
"Ela dizia que guardava tudo o que o seu neto escrevia."
verifica-se que, ao passar-se de um
tipo de relato para outro, certos elementos do enunciado se modificam, por
acomodação ao novo molde sintático.
a) Discurso direto enunciado
1ª ou 2ª pessoa.
"-Devia bastar, disse ela; eu não me atrevo a pedir
mais." (M. de Assis)
Discurso indireto: enunciado em 3ª pessoa:
"Ela disse que deveria bastar, que ela não se atrevia
a pedir mais"
b) Discurso direto:
verbo enunciado no presente:
"- O major é um filósofo, disse ele com
malícia." (Lima Barreto)
Discurso indireto: verbo enunciado no imperfeito:
"Disse ele com malícia que o major era um
filósofo."
c) Discurso direto:
verbo enunciado no pretérito perfeito:
"- Caubi voltou, disse o guerreiro
Tabajara."(José de Alencar)
Discurso indireto: verbo enunciado no pretérito mais-que-perfeito:
"O guerreiro Tabajara disse que Caubi tinha
voltado."
d) Discurso direto:
verbo enunciado no futuro do presente:
"- Virão buscar V muito cedo? - perguntei."(A.F.
Schmidt)
Discurso indireto: verbo enunciado no futuro do pretérito:
"Perguntei se viriam buscar V. muito cedo"
e) Discurso direto:
verbo no modo imperativo:
"- Segue a dança! , gritaram em volta. (A. Azevedo)
Discurso indireto: verbo no modo subjuntivo:
"Gritaram em volta que seguisse a dança."
f) Discurso direto:
enunciado justaposto:
"O dia vai ficar triste, disse Caubi."
Discurso indireto: enunciado subordinado, geralmente introduzido pela
integrante que:
"Disse Caubi que o dia ia ficar triste."
g) Discurso direto::
enunciado em forma interrogativa direta:
"Pergunto - É verdade que a Aldinha do Juca está uma
moça encantadora?" (Guimarães Rosa)
Discurso indireto: enunciado em forma interrogativa indireta:
"Pergunto se é verdade que a Aldinha do Juca está uma
moça encantadora."
h) Discurso direto:
pronome demonstrativo de 1ª pessoa (este, esta, isto) ou de 2ª pessoa (esse,
essa, isso).
"Isto vai depressa, disse Lopo Alves."(Machado
de Assis)
Discurso indireto: pronome demonstrativo de 3ª pessoa (aquele, aquela,
aquilo).
"Lopo Alves disse que aquilo ia depressa."
i) Discurso direto:
advérbio de lugar aqui:
"E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo
na gaveta, concluindo:
- Aqui, não está o que procuro."(Afonso Arinos)
- Aqui, não está o que procuro."(Afonso Arinos)
Discurso indireto: advérbio de lugar ali:
"E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo
na gaveta, concluindo que ali não estava o que procurava."
Discurso indireto livre
Na moderna literatura narrativa, tem
sido amplamente utilizado um terceiro processo de reprodução de enunciados,
resultante da conciliação dos dois anteriormente descritos. É o chamado discurso indireto
livre, forma de expressão que, ao invés de apresentar o personagem em sua voz
própria (discurso direto), ou de informar objetivamente o
leitor sobre o que ele teria dito (discurso indireto), aproxima
narrador e personagem, dando-nos a impressão de que passam a falar em uníssono.
Comparem-se estes exemplos:
"Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez
com a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que pena! Houve
um momento em que esteve quase... quase!
Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qualquer urubu... que raiva... " (Ana Maria Machado)
"D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos." (Graciliano Ramos)
"O matuto sentiu uma frialdade mortuária percorrendo-o ao longo da espinha.
Era uma urutu, a terrível urutu do sertão, para a qual a mezinha doméstica nem a dos campos possuíam salvação.
Perdido... completamente perdido..."
Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qualquer urubu... que raiva... " (Ana Maria Machado)
"D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos." (Graciliano Ramos)
"O matuto sentiu uma frialdade mortuária percorrendo-o ao longo da espinha.
Era uma urutu, a terrível urutu do sertão, para a qual a mezinha doméstica nem a dos campos possuíam salvação.
Perdido... completamente perdido..."
( H. de C. Ramos)
Características do discurso indireto livre
Do exame dos enunciados em itálico
comprova-se que o discurso indireto livre conserva toda a
afetividade e a expressividade próprios do discurso direto, ao mesmo
tempo que mantém as transposições de pronomes, verbos e advérbios típicos do discurso indireto.
É, por conseguinte, um processo de reprodução de enunciados que combina as
características dos dois anteriormente descritos.
1. No plano formal, verifica-se que o
emprego do discurso indireto livre "pressupõe duas
condições: a absoluta liberdade sintática do escritor (fator gramatical) e a
sua completa adesão à vida do personagem (fator estético) " (Nicola Vita
In: Cultura Neolatina).
Observe-se que essa absoluta
liberdade sintática do escritor pode levar o leitor desatento a confundir as
palavras ou manifestações dos locutores com a simples narração. Daí que, para a
apreensão da fala do personagem nos trechos em discurso indireto
livre, ganhe em importância o papel do contexto, pois que a passagem do que
seja relato por parte do narrador a enunciado real do locutor é, muitas vezes,
extremamente sutil, tal como nos mostra o seguinte passo de Machado de Assis:
"Quincas Borba calou-se de exausto, e sentou-se
ofegante. Rubião acudiu, levando-lhe água e pedindo que se deitasse para
descansar; mas o enfermo após alguns minutos, respondeu que não era nada.
Perdera o costume de fazer discursos é o que era."
2. No plano expressivo, devem ser
realçados alguns valores desta construção híbrida:
a) Evitando, por um lado, o acúmulo
de quês, ocorrente no discurso indireto, e, por outro lado, os
cortes das oposições dialogadas peculiares ao discurso direto,
o discurso indireto livre permite uma narrativa mais fluente,
de ritmo e tom mais artisticamente elaborados;
b) O elo psíquico que se estabelece
entre o narrador e personagem neste molde frásico torna-o o preferido dos
escritores memorialistas, em suas páginas de monólogo interior;
c) Finalmente, cumpre ressaltar que o discurso indireto
livre nem sempre aparece isolado em meio da narração. Sua "riqueza
expressiva aumenta quando ele se relaciona, dentro do mesmo parágrafo, com os
discursos direto e indireto puro", pois o emprego conjunto faz
que para o enunciado confluam, "numa soma total, as características de
três estilos diferentes entre si".
Fonte: Celso Cunha in Gramática da
Língua Portuguesa, 2ª edição, MEC-FENAME.
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Katty Rasga