Precisamos de um currículo direcionado á formação de sujeitos
participativos e reflexivos, cidadãos atuantes com potencial transformador;
sujeitos com criticidade para refletir sobre si e sobre o outro, sobre os
diversos cenários,um sujeito plenamente consciente de sua dimensão social.
Então, por que esses conhecimentos fazem parte do currículo e não outros?
Por que alguns conhecimentos são considerados válidos e outros não? Quais são
os interesses e as relações de poder que fazem com que uns conhecimentos sejam
excluídos e outros não? O currículo
inevitavelmente imbricado naquilo que somos, naquilo que nos tornamos deve
responder ao “por quê?” ensinamos o que ensinamos.
Por que
trabalhar com gêneros textuais?
O Curriculo do Estado de São
Paulo, publicado como proposta em 2008, considera as determinações
previstas na LDB, o estudo da língua já não pode ser pensado de modo
fragmentado, limitado à decodificação de conteúdos descontextualizados, com
exercícios (mecânicos e repetitivos) centrados na gramática normativa e na mera
reprodução de idéias: um “ensino da língua organizado a partir de duas
vias inseparáveis: como objeto e como meio para o conhecimento” (SÃO PAULO,
2008, p. 42); estudo da língua como uma atividade social, elemento responsável
pela interação entre pessoas em determinados contextos. Isso “implica a
compreensão da enunciação como eixo de todo sistema linguístico e a importância
do letramento, em função das relações que cada sujeito mantém em seu meio” (SÃO
PAULO, 2008, p. 43) : trabalho com gêneros
textuais.
Nos PCNLP: A noção de
gênero refere-se, assim, a famílias de textos que compartilham características
comuns, embora heterogêneas. (BRASIL, 1998, p. 22).
Para Marcuschi (2003), os
gêneros textuais manifestam-se através da oralidade e da escrita, sendo
materializados através de situações comunicativas recorrentes. Na visão
do autor, são os textos que circulam em nossa vida cotidiana com “padrões
sócio-comunicativos característicos definidos por sua composição, objetivos
enunciativos e estilo concretamente realizados por forças históricas, sociais,
institucionais e tecnológicas” (p. 3 - 4).
“ o gênero é utilizado
como meio de articulação entre as práticas sociais e os
objetos escolares, mais particularmente no ensino da produção
de textos orais e escritos.” ( SCHNEUWLY E DOLZ, 2004, p.71)
O trabalho com gêneros textuais se dá partindo do CONTEXTO
DE PRODUÇÃO: (Quem escreve esse gênero
discursivo? Com que finalidade? Onde? Quando? Como? Com base em que
informações? Quem lê esse gênero? Como o classificado surgiu? Onde circula?).
SALA DE
AULA
Nosso Currículo traz uma
proposta de trabalho estanque, uma vez que "engaveta" para cada série
gêneros determinados. Creio que para desenvolver a competência escritora e
leitora em diversos gêneros, deva expor o alunado ao maior número possível, e
em todas as séries. Por que não trabalhar com os alunos de 6º ano gêneros de
argumentar? de preescrever? Compreendo que essa exposição deveria ser em
espiral (SCHNEUWLY E DOLZ, 2004), sempre uma proposta de novos
desafios sobre o mesmo gênero. Explico: começo com um bilhete para o colega;
para a mãe; para o pai; para o diretor; uma carta pessoal para o primo, para a
mãe; uma carta do leitor, uma carta de reclamação, e assim por diante.
REFERÊNCIA:
PCN+ Ensino Médio: Orientações
Curriculares complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Brasília: SEMTEC/MEC, 2002.
DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Os
gêneros escolares: das práticas de linguagem aos Objetos
de ensino. IN: SCHENEUWLY, B.; DOLZ, J. (Org.).
Gêneros Orais e Escritos na Escola . Campinas: Mercado das
Letras, 2004.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros
textuais: definição e funcionalidade. IN
DIONÍSIO, Â. et al. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
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Katty Rasga