segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Currículo do Estado de São Paulo e a relação com o ensino da Língua Portuguesa


Precisamos de um currículo direcionado á formação de sujeitos participativos e reflexivos, cidadãos atuantes com potencial transformador; sujeitos com criticidade para refletir sobre si e sobre o outro, sobre os diversos cenários,um sujeito plenamente consciente de sua dimensão social. Então, por que esses conhecimentos fazem  parte do currículo e não outros? Por que alguns conhecimentos são considerados válidos e outros não? Quais são os interesses e as relações de poder que fazem com que uns conhecimentos sejam excluídos e outros não? O currículo inevitavelmente imbricado naquilo que somos, naquilo que nos tornamos deve responder ao “por quê?” ensinamos o que ensinamos.
Por que trabalhar com gêneros textuais?
O Curriculo do Estado de São Paulo, publicado como proposta em 2008, considera  as determinações previstas na LDB, o estudo da língua já não pode ser pensado de modo fragmentado, limitado à decodificação de conteúdos descontextualizados, com exercícios (mecânicos e repetitivos) centrados na gramática normativa e na mera reprodução de idéias:  um “ensino da língua organizado a partir de duas vias inseparáveis: como objeto e como meio para o conhecimento” (SÃO PAULO, 2008, p. 42); estudo da língua como uma atividade social, elemento responsável pela interação entre pessoas em determinados contextos. Isso “implica a compreensão da enunciação como eixo de todo sistema linguístico e a importância do letramento, em função das relações que cada sujeito mantém em seu meio” (SÃO PAULO, 2008, p. 43) : trabalho com gêneros textuais.
Nos PCNLP:  A noção de gênero refere-se, assim, a famílias de textos que compartilham características comuns, embora heterogêneas. (BRASIL, 1998, p. 22).   
Para Marcuschi (2003), os gêneros textuais manifestam-se através da oralidade e da escrita, sendo materializados através de situações  comunicativas recorrentes. Na visão do autor, são os textos que circulam em nossa vida cotidiana com “padrões sócio-comunicativos característicos definidos por sua composição, objetivos enunciativos e estilo concretamente realizados por forças históricas, sociais, institucionais e tecnológicas” (p. 3 - 4). 
“ o gênero é utilizado  como meio de articulação entre as práticas  sociais e  os  objetos  escolares, mais particularmente no ensino da produção de textos orais e escritos.” ( SCHNEUWLY E DOLZ, 2004, p.71)
O trabalho com gêneros textuais se dá partindo do CONTEXTO DE PRODUÇÃO: (Quem escreve esse gênero discursivo? Com que finalidade? Onde? Quando? Como? Com base em que informações? Quem lê esse gênero? Como o classificado surgiu? Onde circula?).

SALA DE AULA
Nosso Currículo traz uma proposta de trabalho estanque, uma vez que "engaveta" para cada série gêneros determinados. Creio que para desenvolver a competência escritora e leitora em diversos gêneros, deva expor o alunado ao maior número possível, e em todas as séries. Por que não trabalhar com os alunos de 6º ano gêneros de argumentar? de preescrever? Compreendo que essa exposição deveria ser em espiral (SCHNEUWLY E DOLZ, 2004),  sempre uma proposta de novos desafios sobre o mesmo gênero. Explico: começo com um bilhete para o colega; para a mãe; para o pai; para o diretor; uma carta pessoal para o primo, para a mãe; uma carta do leitor, uma carta de reclamação, e assim por diante.

REFERÊNCIA:
PCN+ Ensino Médio: Orientações Curriculares complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: SEMTEC/MEC, 2002.
DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Os gêneros escolares: das práticas de linguagem aos  Objetos  de  ensino.  IN:  SCHENEUWLY,  B.; DOLZ, J.  (Org.). Gêneros  Orais  e Escritos na Escola . Campinas: Mercado das Letras, 2004.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. IN DIONÍSIO, Â. et al. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

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Katty Rasga