SEXA
- Pai…
- Hmmm?
- Como é o feminino de sexo?
- O quê?
- O feminino de sexo.
- Não tem.
- Sexo não tem feminino?
- Não.
- Só tem sexo masculino?
- É. Quer dizer, não. Existem dois sexos. Masculino e feminino.
- E como é o feminino de sexo?
- Não tem feminino. Sexo é sempre masculino.
- Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino.
- O sexo pode ser masculino ou feminino. A palavra "sexo" é masculina. O sexo masculino, o sexo feminino.
- Não devia ser "a sexa"?
- Não.
- Por que não?
- Porque não! Desculpe. Porque não. "Sexo" é sempre masculino.
- O sexo da mulher é masculino?
- É. Não! O sexo da mulher é feminino.
- E como é o feminino?
- Sexo mesmo. Igual ao do homem.
- O sexo da mulher é igual ao do homem?
- É. Quer dizer… Olha aqui. Tem o sexo masculino e o sexo feminino, certo?
- Certo.
- São duas coisas diferentes.
- Então como é o feminino de sexo?
- É igual ao masculino.
- Mas não são diferentes?
- Não. Ou, são! Mas a palavra é a mesma. Muda o sexo, mas não muda a palavra.
- Mas então não muda o sexo. É sempre masculino.
- A palavra é masculina.
- Não. "A palavra" é feminino. Se fosse masculina seria "O pal…"
- Chega! Vai brincar, vai.
O garoto sai e a mãe entra. O pai comenta:
- Temos que ficar de olho nesse guri…
- Por quê?
- Ele só pensa em gramática.
Luís Fernando Veríssimo
in "Comédias para se Ler na Escola", Publicações Dom Quixote, 2002, Lisboa. :: 10/11/2005
Sobre o Autor
** Escritor, cronista e jornalista brasileiro, nascido em 26 de Setembro 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
---------------------------------------
NOMENCLATURA GRAMATICAL BRASILEIRA
---------------------------------------
"O emprego de uma nomenclatura gramatical em franca obsolescência tem um efeito evidente: sua contribuição para ajudar os alunos a desenvolver reflexões e práticas produtivas a partir da sua gramática internalizada é insatisfatória. Isso porque boa parte dessa nomenclatura é baseada não em critérios que priorizam a intuição dos falantes a respeito da língua, mas em um modelo que procura normatizar o idioma, tendo como alvo uma gramática idealizada, muito distante da realidade linguística vivenciada pelos falantes. Resulta daí, em grande parte, o fracasso da disciplina de Língua Portuguesa na formação de alunos que consigam refletir produtivamente sobre os recursos de expressão da sua língua. "
REDEFOR,2011. DISCIPLINA: Funcionamento da Língua - Gramática, Texto e Sentido. Docente responsável: Prof. Dr. Juanito Ornelas de Avelar
Páginas
- Início
- CONTEXTO JORNALÍSTICO
- ARTIGO DE OPINIÃO
- CONECTORES
- RESENHA e RELATÓRIO
- CRÔNICA
- OUTROS GÊNEROS
- GÊNEROS e TIPOLOGIA
- AVALIAÇÃO
- CONTOS E CIA
- DISSERTAÇÃO
- A LÍNGUA
- SEQUÊNCIA DIDÁTICA
- PROPAGANDA E ANÚNCIO PUBLICITÁRIO
- LITERATURA
- MULTILETRAMENTOS
- ESTRATÉGIAS DE LEITURA
- ELETIVAS
- VERBOS
- NIVELAMENTO
- ESTANTE
- SISU-PROUNI-FIES-ENEM
- Profª Coord. Oficina Pedagógica - L.Portuguesa - 2004-2012
- 2013
- 2014
- ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS 2014
- 2015
- 2016
- 2017
- ABOUT ME
- FERRAMENTAS GRATUÍTAS
terça-feira, 21 de junho de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grata pela sua participação.
[]s.
Katty Rasga