segunda-feira, 2 de setembro de 2013

8 Dicas para escrever um Conto

 1. Escolha uma situação
A situação não precisa ser uma história completa, basta ser um acontecimento, como, por exemplo:uma bola no telhado, uma batida de carro, uma pessoa acordando após um sonho. Enfim, um momento no tempo; uma pintura. Esse será o início do teu conto, ou seja, a narrativa começará a partir daquele evento.
2. Apresente o evento
Essa é uma das partes que eu mais gosto. É nesse momento que você começará a sair da realidade para ficção, ou seja, é neste ponto que sua narrativa deixa de lado os fatos reais para entrar numa realidade totalmente diferente do evento observado, onde ganhará um personagem e um ambiente. Nesse momento, portanto, é a hora que você pode tudo!
2.1 Descreva o evento
A descrição ajuda tanto o leitor quanto o escritor. É através dela que você poderá dividir o mesmo ambiente com o personagem e o leitor; é aquele momento mágico onde a tua imaginação ganha asas e cria um mundo totalmente novo e inesperado. Assim, se o seu momento for, por exemplo, uma batida de carro, descreva a batida e introduza o teu personagem na situação.
Você pode querer ser detalhista, descrevendo os cacos de vidros, a gritaria, as sirenes das ambulâncias, o alvoroço formado… Enfim, permitir que o leitor entre na tua imaginação. Porém, não perca muitas linhas com isso; descreva o ambiente para que o seu leitor possa entrar na história como um observador. Se a descrição for muito longa, pode ser que seu leitor acabe desistindo da leitura antes do grande final.
2.2 Não descreva o evento
Apesar de gostar muito da descrição, para se iniciar o conto não é necessário o uso da descrição. Utilize o evento somente para dar início à narrativa, deixando, caso queira, a descrição para uma outra situação.
Assim, imagine que a batida ocorreu diante de uma barbearia e que o seu personagem principal é o barbeiro ou o cliente que aguardava sua vez. Daí, devido à batida, o personagem principal, ao sair para ver o que havia acontecido, não percebeu que seu celular havia caído atrás do banco onde estava sentado. Então, por exemplo, seu conto poderia começar da seguinte forma: Cláudio não teria como imaginar que aquela batida seria o início de um péssimo dia…  
3. Fuja do óbvio 
Normalmente, sempre imaginamos o óbvio. Acredito que, ao ler o exemplo da batida, você imaginou que o personagem principal seria um dos envolvidos no acidente, estou certo? Se acertei, não se preocupe, isso é normal, aliás, esse exemplo foi proposital, justamente para explicar esta terceira dica.
O evento só serve para iniciar a narrativa, pouco importa se o seu personagem é, ou não, um dos envolvidos, o importante é que você não fique preso ao que 90% das pessoas pensariam. Veja que a batida somente serviu para dar início ao exemplo, pois, o personagem não estava envolvido diretamente com o evento. Aliás, uma batida de carro pode dar início a vários contos! A quantidade de pessoas envolvidas indiretamente com a batida, dependendo da cidade, pode chegar a mais 30. Portanto, não se deixe enganar pelo óbvio, lembre-se: o momento da apresentação do evento é o mais interessante e divertido, onde TUDO pode acontecer.
4. Desenvolvimento da narrativa
Agora que você já apresentou seu personagem, já situou ele no tempo e no espaço, vem a parte que mais exige da sua imaginação, ou seja, a criação da narrativa, propriamente dita. Nessa parte você deverá narrar os acontecimentos posteriores à situação inicial; portanto, Cláudio (personagem de nosso exemplo) voltará para a barbearia, cortará o cabelo e seguirá a sua vida, cuja narrativa caberá a você.
Ao dizer que a batida de carro seria o início de um péssimo dia, você já deixou o leitor curioso, logo, os acontecimentos posteriores terão que caminhar para justificar o motivo da curiosidade, isto é, o péssimo dia. Mantenha sempre a concisão e a precisão na narrativa. Por exemplo, se o “péssimo dia” foi causado pela batida, Cláudio, ao esquecer o celular na barbearia, não recebeu as ligações de sua esposa, uma mulher extremamente ciumenta, que acabará sofrendo um acidente de carro porque teve uma crise de ciúmes quando não conseguiu conversar com seu marido.
Veja que este poderia ser o final da sua narrativa, um final que seu leitor não imaginará com tanta facilidade, pois, sendo uma mulher ciumenta, o óbvio seria a morte de algum personagem. Logo, tendo nas mãos a cartada final, você deve conduzir o leitor durante todo o trajeto até que, finalmente, ele chegue ao fatídico momento.
5. Use diálogos
Os diálogos são essenciais para apresentar o personagem. Com ele, você pode abusar de erros gramaticais, caso queira demonstrar que o seu personagem não possui uma educação elevada; pode demonstrar que o seu personagem é mais introspectivo, mais extrovertido, mais brincalhão… Enfim, é uma forma de ajudar na elaboração do personagem, deixando a cargo do leitor a criação psicológica do personagem, por exemplo. Você pode evitar a descrição direta do personagem através dos diálogos. Portanto, não subestime os diálogos, eles são excelentes ferramentas para quebrar a ligação entre o narrador e o personagem.
6. Anote suas ideias
Muitos acreditam que são inspirados por Deus e, portanto, não precisam de mais nada além de um simples papel e caneta. Não acredite nisso! Apesar de existirem, esses casos são raros. O trabalho de um escritor é 99% de pesquisa e 5% de inspiração, como diz o dito popular. Por mais simples que possa parecer, escolher uma situação não garante a continuidade do conto, causando-nos o tão preocupante “bloqueio mental” e suas consequências.
O maior problema ao escrever um Conto não está no início, nem no desenvolvimento, mas no final, pois, se ele tem que surpreender de alguma forma o leitor, encontrar essa surpresa poderá demorar bastante, causando desconforto ao escritor que, misturado com o bloqueio causado pela insegurança, impedirá o desenvolvimento da história. Portanto, uma forma de evitar essas “travadas” é manter as suas ideias sempre anotadas, mesmo as mais absurdas. Um caderno cheio de ideias são práticos na hora de finalizar o conto, pois, muitas vezes, o final de um determinado conto pode estar no começo de outro e vice-versa. Então, não deixe de anotá-las! Além do mais, pode ser que outros contos estejam prontos para surgirem dessas anotações. ;)
7. O Final
O final de um Conto deve trazer uma euforia, uma excitação. Não precisa ser rebuscado, basta ser inesperado, algo que o leitor não estava esperando ou, pelo menos, que não fosse tão óbvio, como, por exemplo, o final do nosso exemplo, onde a esposa de Claudio morre em um acidente de carro, aliás, um final com a mesma situação que gerou toda a história. Essa estrutura cativa o leitor, deixando ele pensativo e ávido para deixar seu comentário. ;)
Para começar a escrever um Conto, basta vontade, boa imaginação e alguma situação.
Espero que essas dicas possam ajudá-los de alguma forma. O intuito deste post não foi criar uma regra, uma fórmula de como escrever um conto, mas, dar uma orientação e algumas ferramentas para que você possa escrever seus textos.

Referência:

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[]s.
Katty Rasga